quinta-feira, 25 de agosto de 2011

STARTUPS

Startups

Tenho acompanhado o desenvolvimento de Start ups aqui no Brasil e nos EUA – Vale do Silício. É um assunto que vem sendo muito divulgado, pois estão surgindo oportunidades para “jovens empreendedores”.
Não sou jornalista, mas conteúdista nas plataformas das Mídias Sociais e estrategista de Marketing off e on line.
Sou economista e pós-graduada em Marketing. Em 2010, fiz atualização da pós no IBMEC – Marketing e um curso de “Planos de Comunicação em Mídias Digitais” no iMasters. Confesso, que a cada dia que passa vou me apaixonando mais e mais por este mundo que considero mágico.

Entrevisto aqui, Isabel Pesce Mattos, 23 anos, Brasileira de São Paulo e hoje residindo no Vale do Silício, nos EUA.
Assisti à entrevista da Isabel no “Connect” no jornal da Globo e tive acesso á mesma, pois é amiga de minha filha.

“Tomei a liberdade em não mexer nas respostas da Isabel, para que vocês sintam a mudança na escrita quando falamos uma língua o tempo todo e no caso dela é o inglês”. Achei muito interessante ao constatar isto.

Isabel: Oi Adriana,

Muito legal, me sinto honrada em ser entrevistada por você. Mudei um pouquinho as perguntas abaixo por que acabei não fazendo universidade no Brasil, fui direto do Etapa para o MIT.

1. Adriana: Isabel, você pode me contar exatamente como foi sua transição do ensino médio para a faculdade nos Estados Unidos?

BEL > É uma história bem interessante, porque eu nunca havia planejado sair do país. Eu estudei o ensino fundamental no Colégio Anglo Latino, no bairro da Aclimação em São Paulo. Durante o ensino médio, estudei no Colégio Etapa. Quando estava no último ano do Ensino Médio, ao me preparar para os vestibulares brasileiros, descobri que uma outra opção era aplicar para universidades nos Estados Unidos. Foi tudo uma correria só, porque quando descobri que o MIT aceitava aplicações de alunos internacionais, o prazo estava muito perto. Mas eu fiquei louquinha, queria muito estudar no MIT. Eu tinha certeza que seria um sonho quase impossível. Mas coloquei na cabeça que eu não podia viver com a dúvida de talvez ter sido aceita se eu aplicasse. Então corri atrás, e depois de várias situações improváveis (como haver um ex-aluno do MIT em São Paulo que concordou em me entrevistar depois do prazo), o sonho virou realidade! Em 18 de Março de 2006, eu recebi uma carta me convidando a estudar no MIT. Nossa! que momento gostoso. Nunca vou me esquecer. Estava tirando o dente do ciso o ano passado e foi só pensar na cena de receber a carta de admissão que a dor passou (risos).

2. Adriana: Por que você decidiu sair do país?

BEL > Eu amo o Brasil. Aqui nos Estados Unidos, sou um pedacinho ambulante do Brasil. No meu carro só escuto música brasileira, ainda falo com os meus pais todos os dias, e falo do Brasil com muito amor. Mas achei que valeria a pena estudar fora por várias razões. Eu queria vivenciar novas culturas, para ter um pensamento mais global. Além disso, tinha vontade de morar sozinha em um lugar completamente novo, e sabia que cresceria bastante se aprendesse a me virar sozinha. Também gostei do desafio que seria aprender coisas novas em uma língua em que ainda não era fluente. Queria estudar e trabalhar em uma cultura onde a meritocracia, em geral, é presente. E, claro, nunca falo não para uma aventura!

3. Adriana: Caso você não conseguisse uma vaga para estudar fora do país, o que você faria? Você acha que de repente, você corria o risco de ter uma frustração?

BEL > Se eu não tivesse sido aceita no MIT, eu teria estudado no Brasil. Fui aceita em universidades ótimas aqui no Brasil, e acho que teria gostado de estudar aqui também. Teria corrido atrás de muitas oportunidades e dado o melhor de mim. Claro, ter um diploma do MIT ajuda, mas na verdade, o que conta mesmo é quem você é, não a faculdade que fez. Um diploma bom pode abrir as portas de uma entrevista de emprego, mas se você não for dedicado e inteligente, não conseguirá a vaga. Meu conselho é sempre dar o melhor de si, independente das circunstâncias em que esteja. Pode ser que eu ficasse um pouco impaciente, com quanto as coisas demorassem para acontecer, mas mesmo assim não desistiria de correr atrás dos meus sonhos.
4. Adriana: Você é uma pessoa bastante esclarecida e sabe que o Brasil está em franco desenvolvimento no setor tecnológico e inclusive com problemas de falta de pessoal nesta área, certo? Você voltaria ao país para atuar nesta área?

BEL > Penso constantemente nesse assunto, e tenho bastante vontade de voltar para o Brasil para criar empresas e ajudar o país a crescer. Mais cedo ou mais tarde, isso acontecerá, pois sinto que tenho a responsabilidade de ajudar aqueles que não tiveram as mesmas oportunidades que eu. Participo de várias iniciativas que promovem educação e empreendedorismo entre jovens nos Estados Unidos e tenho planos de criar projetos no Brasil também.

5. Adriana: Tenho muita curiosidade em saber, como foi sua chegada nos EUA. Quais foram suas primeiras decisões, ou seja, por onde começou?

BEL > Gosto dessas perguntas porque lembro desse tempo com muito carinho. Chegando nos Estados Unidos, tive muitas decisões a fazer: qual dormitório da faculdade eu iria morar, quais cursos eu iria fazer no primeiro semestre, onde trabalhar... Eu adoro esses momentos, porque é muito legal ter opções. Mas eu queria agarrar o mundo com as mãos, estava muito feliz e queria aproveitar ao máximo o MIT. Acabei fazendo todos os cursos que podia (risos), e sai cheia de diplomas. Mas o mais importante foram as pessoas sensacionais que conheci. Fiz amigos do mundo todo.
6. Adriana: Após o término de seus estudos, por que você decidiu ficar morando nos EUA, precisamente no Vale do Silício? Por que não acreditou no Brasil?

BEL > Não foi questão de não acreditar no Brasil. Acredito muito nesse país. Durante a faculdade, me apaixonei por empreendedorismo, e no Vale do Silício se respira empreendedorismo. Eu achei que seria melhor me mudar pra Califórnia e mergulhar de cabeça nesse mundo de startups. O quanto eu estou aprendendo aqui vai me acelerar a ser uma boa empreendedora no Brasil no futuro.
7. Você chegou a pensar em trazer novos conhecimentos para o Brasil e voltar? Pois com os conhecimentos por você adquiridos, certamente poderia transferir os mesmos a outras pessoas, como professora, certo?

BEL > Sim, pensei em voltar para o Brasil, mas achei que podia aprender mais antes de voltar definitivamente. Volto constantemente para visitar minha família, dar palestras, etc. Cada vez que volto, me envolvo mais em educação. Quero muito dar aulas sobre empreendedorismo, inovação, liderança – várias coisas que aprendi durante os últimos anos (e ainda estou aprendendo, nunca se aprende 100% sobre isso). O único problema é que é difícil encaixar um semestre ou ano completo nos meus horários. Mas coisas como palestras ou eventos é mais fácil porque pode ser sincronizado com quando eu estiver no Brasil.
8. Adriana: Como conheceu “Star ups”? O número de brasileiros é grande no Vale do Silício? Além dos brasileiros, de que país vem os outros jovens? Qual o país que predomina no Vale?

BEL > Comecei a aprender sobre startups no MIT, por uma competição chamada MIT 100K Competition. Achei aquilo tudo muito legal – você cria um produto ou serviço do nada! E esse produto pode influenciar positivamente a vida de milhões de pessoas. Muito show.

Tem alguns brasileiros sensacionais aqui no Vale do Silício. Encontrei uma comunidade bem forte, que está me ajudando muito a crescer. Um dos meus maiores mentores aqui nos Estados Unidos é o brasileiro Reinaldo Normand, fundador da startup de games 2Mundos. Uma pessoa brilhante, com muita experiência e garra, mas muito humilde, e que está sempre disponível pra trocar idéias comigo. Estou aprendendo muito com ele.

Aqui no Vale do Silício tem gente do mundo todo, é difícil dizer qual a nacionalidade que predomina. Mas teria muito mais internacionais aqui se os Estados Unidos liberassem o startup visa – uma maneira de cidadãos não-americanos poderem ficar nos Estados Unidos, para criar sua empresa (sem precisar ter o green card ou algum outro visto).

9. Adriana: Você viria ao Brasil para dar palestras?

BEL > Sem dúvidas, isso é algo que já estou fazendo. Em Novembro, falarei no TEDx FIAP, e estou planejando uma viajem ao Brasil no final de Agosto, que também quero preencher de palestras se possível. Adoraria dividir a minha trajetória com os jovens brasileiros. A juventude tem um poder imenso, só precisam seguir os seus sonhos e não perder o foco.
10. Adriana: Existem aqui no Brasil algumas empresas que buscam financiadores para star ups, como Tech Valley Brasil e inclusive eventos com premiação como foi o Startup Weekend Rio. Você participaria de algum destes eventos ou deixaria alguma dessas empresas a financiarem um projeto seu?

BEL > Muitos programas ajudam a “acelerar” o empreendedor, disponibilizando capital e mentores, normalmente em troca de uma porcentagem da sua empresa. É um conceito interessante, especialmente para os empreendedores que estão começando agora. Cada programa é diferente, mas eu já fiz parte de um programa nos Estados Unidos chamado Startup Camp - Plug and Play Tech Center, e gostei bastante. Como tudo na vida, o quanto você consegue se beneficiar do programa depende do quanto você se esforça e se dedica. Fiz muitas conexões muito boas, e aprendi de tudo um pouco: como levantar fundos, como cuidar da propriedade intelectual, como criar marcas, como focar no produto, etc. Pelo menos aqui nos Estados Unidos, esses programas finalizam com um dia em que você demonstra a sua idéia e protótipo para investidores. É uma ótima oportunidade para levantar os fundos necessários para continuar operando a empresa.

11. Adriana: Tenho uma curiosidade grande: Como nasce um projeto? As ideias surgem de uma conversa, do nada ou á noite dormindo? Como isto ocorre?

BEL > Ótima pergunta, e não há apenas uma resposta. Os empresários em geral estão sempre pensando em como podem melhorar o mundo. Muitas ideias surgem simplesmente de observar o mundo e procurar necessidades que ainda não foram solucionadas. Mas normalmente ideias mudam e evolvem várias vezes antes de virar empresas. Aqui no Vale do Silício, todo mundo gosta de pegar cafezinho até mesmo com desconhecidos. Muitas vezes eu estava cheia de ideias que só tomaram forma quando conversei com outras pessoas. Mas o segredo não está na ideia, mas na execução dessa ideia. Ideias vem e vão, mas as empresas que hoje são bem estabelecidas estão aonde estão porque executaram muito bem suas ideias.
12. Adriana: Você teria alguma mensagem para deixar aos jovens brasileiros, que navegam dia e noite na internet para obter ideias, ter acesso ás inovações ou até mesmo para aquele jovem que chegou até a etapa do vestibular, mas não conseguiu estudar fora, como no seu caso?

BEL > Com a democracia de acesso a informação, o mundo tomou um passo em direção a igualdade de oportunidade, o que é maravilhoso. Mas o mais importante é o seguinte: não desista! Coloque o seu coração nos seus sonhos e se dedique muito para conquistá-los. Não acreditem em histórias de sucesso do dia pra noite – isso não existe. Se você tem sonhos, não hesite em dar o melhor de si sempre. E não se culpe se não der certo depois de ter dado o melhor de si. As coisas nem sempre correm como esperamos, mas você está fazendo sua parte se der o melhor de si.

No meu caso, quando eu apliquei para o MIT, eu não sabia se ia ser aceita, mas mesmo assim fiz tudo que pude durante o processo de aplicação. Eu estava consciente de que dei o melhor de mim. Se não entrasse, ficaria desapontada, mas seguiria em frente, há muitas outras oportunidades por aí. Mas já imaginou se eu não tivesse tentado? Não tenha medo de correr atrás do que quer e não perca a coragem quando alguém falar que você não conseguirá. Nada é impossível nessa vida.

13. Adriana: Como é conhecer e frequentar os mesmos lugares de pessoas mundialmente conhecidas como o Bill Gates? Qual influência ele teve em sua vida?

BEL > Tive a chance de ir á casa do Bill Gates quando trabalhava na Microsoft, e lhe fazer algumas perguntas sobre tecnologia e outros tópicos. É muito inspirador ouvir o que pessoas que já pensaram profundamente sobre como melhorar o mundo tem a dizer. Adoro encontrar com pessoas que tem historias de vida inacreditáveis, porque elas nos lembram o quanto podemos alcançar nessa vida e como podemos ajudar o mundo.

BEL > O MIT e um curso bem caro :), e eu tive a sorte de receber algumas bolsas que me ajudaram a pagar o MIT. O Bill Gates ajudou com uma bolsa que a Microsoft providenciou para pagar uma porcentagem do meu terceiro ano de faculdade.
BEL > Completei a resposta com mais detalhes. Veja abaixo e anexo.
BEL > Tive a chance de ir a casa do Bill Gates quando trabalhava na Microsoft, e lhe fazer algumas perguntas sobre tecnologia e outros tópicos. É muito inspirador ouvir o que pessoas que já pensaram profundamente sobre como melhorar o mundo tem a dizer. Adoro encontrar com pessoas que tem historias de vida inacreditáveis, porque elas nos lembram o quanto podemos alcançar nessa vida e como podemos ajudar o mundo.

Além disso, eu apliquei para várias bolsas de estudo enquanto estava no MIT, pois o curso era muito caro e qualquer ajuda era bem-vinda. No terceiro ano, consegui uma bolsa da Microsoft para pagar uma porcentagem do meu curso. Quando fui a casa do Bill Gates, agradeci muito por isso e falei pra ele que ele tem que ficar muito orgulhoso de estar ajudando jovens como eu.

14. Adriana: Como seus pais e sua irmã te veem morando longe e com perspectivas de ficar nos EUA, por muitos e muitos anos?

BEL> Somos uma família muito unida, então é difícil ficar separados, mas tudo vale a pena quando vemos os resultados – os trabalhos que tenho feito, o quanto estou crescendo, etc. A tecnologia ajuda a gente ficar mais perto: nos falamos quase todos os dias. E também visito o Brasil pelo menos duas vezes por ano (e estou tentando aumentar esse número cada vez mais).


Adriana: Isabel, deixo este espaço para que você possa escrever o que quiser ou se não quiser, fique á vontade, ok?

Adriana, obrigada pelas perguntas e pelo seu tempo, e espero que a minha entrevista inspire os jovens do Brasil a seguirem seus sonhos com muita garra.

Eu só tenho a agradecer sua gentileza em me ajudar a tornar viável este meu trabalho.

Só tenho a desejar sucesso a você e felicidades.

Beijos